Editorial

Lula, o que não sabia do mensalão

O ex-presidente teria ainda dado “o.k.” aos empréstimos bancários responsáveis por sustentar os pagamentos dos deputados da base aliada

O que boa parte da população acreditava que fosse acontecer - e outra boa parte torcia o nariz e duvidava - tornou-se real. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado pela primeira vez, de forma direta, como figura conhecedora e beneficiada pelo maior esquema de corrupção da história do Brasil, o mensalão. A imprensa nacional repercutiu nesta terça-feira (11) a reportagem divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo, que trata do depoimento do empresário Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República no mês de setembro. Valério teria declarado que o esquema ajudou a “bancar despesas pessoais” de Lula. O ex-presidente teria ainda dado “o.k.” aos empréstimos bancários responsáveis por sustentar os pagamentos dos deputados da base aliada.

No depoimento à Procuradoria, registrado em 13 páginas, Valério disse que se reuniu no começo de 2003 com o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, no Palácio do Planalto. Lá acertaram os empréstimos antes de se dirigirem ao gabinete de Lula. Em uma conversa rápida, de três minutos, segundo ele, firmou-se o acerto com um “o.k.” dado pelo ex-presidente.

A defesa de Lula - e ele tem o direito de se defender - é previsível a partir de agora. Poderá dizer que o depoimento de Valério é uma fraude e foi dado para ele negociar proteção e redução de sua pena. O publicitário e operador do mensalão foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Para a população brasileira, porém, o mais difícil é acreditar que Lula não tinha conhecimento de um impressionante esquema de compra de parlamentares, acontecendo na sua frente, no mesmo prédio onde trabalhava, idealizado e realizado por pessoas de sua inteira confiança. E se isso for verdade, que presidente o Brasil teve durante oito anos?

Se até agora o acordo - ou a ordem - entre todos os denunciados era blindá-lo, o depoimento à Procuradoria-Geral da República poderá ser o fim do pacto e o começo de um novo e importante capítulo para tornar transparente a corrupção que tomou conta do Planalto no governo petista.

Corrupção, aliás, que voltou a mostrar seu rosto no governo federal, revelado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Foram denunciadas 23 pessoas, entre elas a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, que teria ainda cometido o crime de formação de quadrilha. Rosemary, nomeada por Lula e mantida pela presidente Dilma Rousseff, foi indiciada também por corrupção, tráfico de influência e falsidade ideológica.

Nossos presidentes, tão prestigiados mundo afora, precisam de alguém que os oriente a escolher melhor seus assessores, sob pena de serem sempre os “últimos a saberem”. E em Brasília o mais difícil é encontrar alguém ingênuo.

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